“É PRECISO PREPAPAR PSICOLOGICAMENTE PARA UMA NOVA REALIDADE”

Em comemoração do dia internacional do Estudante, 17 de Novembro, TCHABANAVIZON esteve à conversa com Tatiana Semedo Galvão, cabo-verdiana de 18 anos, aluna do 2ºano do curso Engenharia Zootécnica, no Instituto Politécnico de Bragança.

- PRIMEIRO DEIXA-ME AGRADECER A TUA DISPONIBILIDADE E QUERO DESEJAR-TE DESDE JÁ, EM NOME DE TCHABANAVIZON, MUITOS SUCESSOS E FOCO NOS TEUS ESTUDOS.

- (risos…) Obrigada. Eu é que agradeço o convite!!!

TATIANA, COMO É QUE FOI O PROCESSO DA CANDIDATURA E A SUA CHEGADA A BRAGANÇA PARA ESTUDAR?

-Bem, eu não tive problemas em candidatar-me porque já tinha feito uma pesquisa sobre a Engenharia Zootécnica, as Universidades que disponibilizavam este curso, as médias exigidas e a propina. Um mês depois que eu soube, na Câmara Municipal dos Picos, da minha colocação no Politécnico de Bragança comecei a maratona de tirar os papéis para entregar na embaixada. Entretanto, o atraso na resposta do visto fez com que eu começasse a estudar a partir do segundo semestre e as cadeiras do 1ºsemestre estou a completar neste segundo ano. Não está sendo fácil porque são muitas matérias acumuladas mas eu sei que eu consigo porque tudo depende da força de vontade. Também agradeço aos amigos que fiz, à comunidade cabo-verdiana e à própria Universidade que me ajudaram muito.

ESCOLHESTES PORTUGAL PARA FAZER ESTE CURSO PORQUE NÃO TEM EM CABO VERDE OU PORQUE QUERIAS UM NOVO DESAFIO?

- Este curso ainda não existe em Cabo Verde, infelizmente. Penso que é mau porque num país de criação de gado devia ter zootecnia para ajudar no desenvolvimento do mesmo. E deixa-me dizer que a criação de gado não é só para pessoas de “fora” como muitos pensam, está na hora de mudarmos isso. Escolhi Portugal também porque os meus Pais e a maioria dos meus familiares estarem aqui e o suporte que eles me dão tem refletido nos meus estudos.

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“Estás a sair de Cabo Verde para cuidar dos animais em Portugal?”

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QUAL A MAIOR DIFICULDADE QUE TIVESTES DE ENFRENTAR ATÉ AGORA?

- Pandemia. O mundo teve que se adaptar e as escolas e universidades não foram exceções. Confesso que as aulas online são diferentes das presenciais principalmente no nível de aproveitamento.

SENTES-TE COMPLETAMENTE ADAPTADA?

Hoje posso dizer que sim. E aconselho a todos que queiram estudar longe de casa que é importante procurar conhecer as pessoas do lugar em que se vai viver. Porque a correria para alugar uma casa, os papéis para o SEF, podem ser um drama para um caloiro(a).

COMO CRIOULA JÁ SOFRESTES ALGUM ASSÉDIO/DESCRIMINAÇÃO NO MEIO ACADÉMICO?

-Não. Não tenho nada de mal a apontar nem de Bragança e nem da Universidade. Aliás, me acolheram muito bem e sou muito grata por isso.

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“Imagina acordar com chuva e frio. Em Cabo Verde queixamos com 10 ou 11 graus. Aqui, principalmente no norte, é comum os termómetros chegarem a números negativos”.

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QUAL É O TEU MAIOR SONHO COMO ESTUDANTE E COMO MULHER?

- Como estudante sonho terminar a minha licenciatura, fazer o meu mestrado e trabalhar na minha área. Se for em Cabo Verde seria muito satisfatório porque eu escolhi este curso pensando na melhoria que eu posso fazer lá. Já como mulher quero ser bem sucedida para ajudar principalmente os meus pais que estão apostando em mim.

DE ESTUDANTE PARA ESTUDANTES

- Façam o curso de que gostam. Não é só bolsa, vaga ou visto. É preciso preparar-se psicologicamente para uma nova realidade.