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E DE NOVO... WISE HENRICK AKA SEM PAPAS NA LÍNGUA. MAS SERÁ QUE A CULPA É DOS Mc´s?

  • Dìwé Marginal
  • 9 de abr. de 2024
  • 4 min de leitura

Abril começou com duras críticas de Wise Henrick ao estado atual da Cultura Caboverdeana. SURPREENDIDOS? Não se recuarmos até 2020_2021, com Alex Évora e 1 VOZ RIBA SILÊNCIO, quando o Rapper cobrara transparência e justiça no sistema de Cabo Verde e exigira de outros Rappers mais músicas de intervenção para fazer frente à crise política e social, pois, no entender dele, o RAP não é arma para romantizar problemas. Desde então, as pessoas identificaram com Wise A.K.A SEM PAPAS NA LÍNGUA DOA A QUEM DOER.



Desta vez, e de um “FREESTYLE NA COZINHA” que deu o nome de “EVOLUSON DI NOS MUZICA”, o artista Praiense relata a situação lamentável, pobre e podre, mirando principalmente os Mc´s.


O vídeo publicado no dia 2 de Abril no Facebook pessoal do jovem radicado nos Estados Unidos, já conta com mais de 500mil visualizações, milhares de partilhas e feedback´s exaltando a coragem de mencionar NOMES e aplaudindo a capacidade do trabalho.

Mas também teve, como era de esperar, reações contrárias e uma delas foi de PREGO PREGO que veio defender os Mc´s: Estás a falar de putos que vieram de baixo, que tinham fome e saíram de “cóbon i ladera”. Putos que sem entrarem no mundo do crime conseguiram levar pão para as suas famílias....




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SOBRE O FREESTYLE


Wise segue uma cronologia para, através da sua opinião, comparar grandes composições com aquilo que ele chama de “PORCARIA”. Por um lado, traz os clássicos e eternos músicos, nomes icónicos com projeção mundial que fizeram_ e ainda fazem história porque deram sentido ao maior património de Cabo Verde que é a MÚSICA. Nomes como Cesária Évora, Pantera, Ildo Lobo, Lura, Mayra Andrade, Tcheka, Princezito, Gil Semedo, Kino Cabral, Beto Dias...entre outros... que dos 80, 90 até 2000 encararam, elevaram e representaram a música como função social, trabalhando em melodia, harmonia e coerência, ou seja, assumiram este ofício com RESPONSABILIDADE.


Por outro lado, mais concretamente 2014, Wise destaca a transição e o surgimento do “lixo sonoro” feito por Mc´s, que desde então, vem ganhando terreno. Para o Rapper esta é uma época de letras vazias, repetitivas e sem conteúdos em que o único foco é bater 1Milhão no youtube, ou seja, uma mera aposta comercial como é o caso de Salamita, Pank, (...) que por gravarem “vozes por cima de beats” já se autointitulam de artistas.


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 DE QUEM É A CULPA?


Livre para expressar, Wise Henrick mostra o seu posicionamento, coisa que poucos artistas fazem porque pensam nos privilégios, mas ele disse... “não estou à espera de aceitação”. A partir desta narrativa, e a contar com o “barulho” social por mencionar principalmente os “pseudo-artistas”, não sei se podemos falar de evolução porque evolução é sinonimo de crescimento e desenvolvimento.


O retrato feito na cozinha é a pura degradação e decadência já que depois dos anos de ouro começa a fase onde o que importa é marketing não música de mensagem, o que vale é a sensualidade e não a sinfonia das notas, e para quê perder tempo em tocar instrumentos se hoje existem habilidosos engenheiros de vozes e beatmakers que em meia hora já têm tudo pronto.


Wise sente que não pode compactuar com esta situação. O assunto contido no FREESTYLE não é novidade, uma vez que, mais vozes já se levantaram e criticaram como Hélio Batalha, Grace Évora... por exemplo...

 

MAS... ÉS KRE FAZI KATCHUPA NA AIRFRYER?


A sociedade e o público, por serem também livres, são cada vez menos exigentes. A Suzanna Lubrano já tinha referido que esta é a geração micro-ondas, onde tudo é fácil, tudo é rápido. E a música está a refletir nisto, infelizmente.


Se a própria rádio que é/devia ser montra da cultura, promove conteúdos fúteis de artistas da “moda", nas casas das famílias, nos carros, existem esta propaganda de letras que incentivam a violência e o crime, e que ainda por cima estas "músicas" lucram, fica difícil o surgimento de novos Panteras, Cesárias, Princezitos, Mayras, Luras e por aí fora... porque parece que é tudo sobre fama e dinheiro e não sobre legado, identidade e reputação.


Os monstros fizeram histórias sem youtube e sem redes sociais, apenas com e por amor à música. Ainda estes monstros vivem através das suas composições magníficas feitas com alma e com valor fundamental na educação. A música cliché já era uma realidade bem antes desta visão do Wise, só que depois da revolução causada pela internet, começaram a ser consumidas de forma assombrosa.


O arquipélago tem uma geração preciosa e com talento por lapidar e quem sabe precisa de orientação. Tem visionários que empregam o dom da palavra para transformar vidas. Por isso, é louvável e gratificante ver a atitude do Princezito quando aparece em vídeos e partilha a sua forma de criação, é urgente mais exemplos desta dimensão, mais workshops de música.


O Rapper Wise usou o poder do RAP para pregar no meio deste caos, quis com as rimas fazer TODOS (RE)pensarem no papel da MÚSICA_ARTISTA_PROMOTORES_FÃS. Resta saber se este FREESTYLE será encarado pelos visados, apenas e só como ataque pessoal, ou se refletirão no caminho que estão a fazer e a oferecer.

Fica a promessa de Wise em vestir-se de palhaço no próximo dia 19 de Agosto, até lá, fica também a pergunta...?Será kê culpa di kês Mc´s?

 

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