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RB2 MISTURA A “TRADIÇÃO” COM GRANDES REFERÊNCIAS AFRICANAS EM “T´inda Na Luta”

  • Tchabana Vizon
  • 31 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de fev. de 2021

OS RAPPERS, JÚLIO, DZ e NISHOW, INTEGRANTES DO GRUPO DE SANTA CRUZ, SANTIAGO, TRANSPORTARAM SIMBOLISMO E REPRESENTATIVIDADE NA NOVA MÚSICA.

"EM UMA PALAVRA O RAP NÃO SE DEFINE, OU SEJA, NÃO EXISTE UMA PALAVRA QUE POR SI SÓ CONSIGA EXPLICAR O SIGNIFICADO DO RAP"

Com o já conhecido estilo característico e inconfundível, “KRIOULO LA DI FUNDO”, RB2 juntou a tradição com os grandes líderes políticos e ativistas que lutaram contra os colonos para a libertação da África.


De acordo com o grupo, "T´INDA NA LUTA" surgiu da necessidade de ”lembrar de onde viemos, quem fomos, e os sacrifícios que tivemos que fazer para chegar até aqui. A ideia é injetar nos Cabo-Verdianos de que somos corajosos e valentes”.

“Existe uma carência no país a nível de conhecimentos e referências de heróis negros” uma vez que “vivemos muito da importação da Europa e da América”, o que faz com que o “arquipélago se afasta dos ideais africanos”, concluiu.


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O videoclip desenrola num ambiente tipicamente tradicional, onde objetos como “cafuca”, “pote d´águ”, “caneca”, "balai”, "pilon e pó” nos levam a fazer uma viagem nostálgica.


Em uma mesa sentada, e vestido a rigor (farda de militar), JÚLIO, DZ e NISHOW aparecem com livros, papel e caneta, como soldados a traçar uma estratégia de luta, inspirados pelas imagens de revolucionários que estão na “parede de pedra”.

“ JANELA DI NHA ALMA TEM PASSADO OTA BENGA”

De Amílcar Cabral até Nhanha Bongolom ( mulher que liderou a revolta de Ribeirão Manuel), passando por Patrice Lumumba(Congo), Steve Biko(África do Sul), Thomas Sankara(Burkina Faso), Rainha Nzinga(Angola), Muammar Gaddafi(Líbia) até ao estrategista Shaka Zulu, todas estas figuras combateram contra a opressão e o imperialismo, e com coragem, garantiram a luz da igualdade social e emancipação dos povos.

"N´NAMCI DI CINZA BORODJADA DI LUMUMBA”

Quando DZ mostra as ferramentas e o quotidiano do camponês, Nishow a avançar no terreno e Júlio numa sala a dar aulas; representam os ancestrais pioneiros em técnicas agrícolas, a urgência de marchar pela resistência, revolta e solidariedade, e que é indispensável estudar e investigar para compreender África.


Esta música é um farol para descolonizar mentes e corações porque a história do povo negro, invertida e interrompida pelos colonos, é uma narrativa grandiosa, memorável e inspiradora.


“SPERANÇA KA TA MURUTCHA NUM PETU KI MORA JAH”
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"O QUE NOS DEFINE É A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL PERANTE O GRUPO E A HUMILDADE"

Os jovens do concelho de santa cruz, com mais de 15 anos de atividade, e autores de “PRETA JANOTA”, “M´BARKASON” “MAR (PISKADOR)”, “NHU SANTIAGO”, deram uma boa palestra de simplicidade e negritude em tempo recorde(4m).

E se o racismo, tema que foi muito debatido em 2020, o que dizer da frase refletiva de DZ quando ele diz que a “Janela da sua alma tem o passado de Ota Benga”.

Para quem não sabe, Ota Benga foi um negro congolês, membro do povo Mbuti humilhado, e torturado por forças belgas antes de ser levado para uma exibição racista, em 1906, no Zoológico de Bronx, em Nova York.


Este trio trouxe aquele RAP educativo/interventivo, e de uma forma geral, percebi que: “T´inda Na Luta” é centrada numa missão local mas que pretende abraçar uma visão global, em que o combate deve ser “armado” de ideias capazes de ativar a chama da mudança.

SIMBOLISMO NA CORRENTE_ENCHADA COMO MEDALHA

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A Corrente nos recorda o passado de escravidão. E a enxada é o instrumento com que muitos trabalham para ter um ganha pão, principalmente a população de Santiago. De certa forma, o Crioulo está acorrentado à agricultura mas deve soltar das correntes que prendem o pensamento e revoltar-se contra as políticas de desigualdade e servidão para consumir a cultura do berço da humanidade. Mas para isso, todos e cada um de nós precisamos interiorizar o princípio de Unidade e acordarmos para a Luta.


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