O QUÊ QUE SE PASSA NAS FORÇAS ARMADAS DE CABO VERDE?
- Dìwé Marginal
- 19 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
ATENTADO À INTEGRIDADE FÍSICA E À DIGNIDADE DOS MILITARES VOLTA A PÔR EM CAUSA OS VALORES DE LEALDADE, HONRA E CAMARADAGEM DEFENDIDOS PELA INSTITUIÇÃO
DEPOIS DO MASSACRE DE 2016, QUE AINDA LEVANTA MUITAS INTERROGAÇÕES, O VIDEO COM CONTEÚDO SEXUAL QUE CIRCULOU NAS REDES SOCIAS ESTA TERÇA FEIRA, 18, COM SOLDADOS A SOFREREM ABUSOS DOS SEUS SUPERIORES, ESTÁ A GERAR INDIGNAÇÃO E REVOLTA POR PARTE DOS CABOVERDEANOS

É mais CRIME a envolver as Forças Armadas. No vídeo, que alegadamente foi gravado no Quartel Jaime Mota, na Praia, jovens soldados sofrem agressões e abusos de poder e o cenário mais grave foi quando um cabo de vassoura é introduzido no ânus de um militar. A instituição promete investigar o caso e, enquanto isso, vários CaboVerdeanos aproveitaram para relembrar o acontecimento de MONTE TCHOTA, quando Antany matou 11 pessoas em 2016.
São várias as questões que devem ser colocadas:
Qual é a missão das forças armadas? Será que existe uma formação pedagógica/orientação psicológica nas altas patentes? Vale tudo para mostrar autoridade? Existe mesmo um código Humanista ou o soldado é treinado só para ser duro e aprender a atirar?
Com o objetivo de perceber melhor esta realidade, TCHABANA VIZON conseguiu testemunhos de pessoas que serviram na Tropa, mas para proteger as suas identidades, não vamos citar os verdadeiros nomes deles. A ideia é desvendar o tratamento que um jovem recruta recebe, saber como é o ambiente lá dentro e que tipo de pressão sofrem no dia-a-dia.
“Apesar de nunca receber um castigo “desumano” vi soldados a pagarem pelas frustrações dos graduados. É triste e lamentável ver a humilhação destes camaradas que são constantemente levados ao esgotamento psicológico”, disse Semedo, que em 2013 esteve no exército, na altura com 22 anos. “Tive superiores que queriam transformar a minha vida num inferno, mas graças a Deus não entrei em depressão como muitos. Existe, lá dentro, superiores hierárquicos com escolas, mas que são diabos fardados que se souberem que tens formação vão fazer de tudo para aniquilarem as tuas oportunidades” afirma, antes de revelar que teve um colega que foram juntos para as forças armadas e não aguentou tamanha intimidação e acabou por falecer no mar. Recorda também um jovem de 19 anos, que segundo ele sofria injúrias, suicidou ao saltar da rocha “congresso” no centro instrução militar (Morro Branco).
Garante ainda que “90% dos que formam a organização não tem mérito próprio. Estão onde estão por fazerem das pessoas os seus degraus”.

Por outro lado, Belmiro, hoje com 25 anos, que serviu durante 2015 a 2017, não arrepende de ter sido um dos combatentes mesmo quando foi vítima de castigos que considerou exagerado, pois, acredita que foi “bom para valorizar a própria vida”. Quanto à polémica do vídeo o Ex recruta considera que é normal existir “brincadeiras na corporação” entre novatos e não só, mas que desta vez ultrapassou todos os limites possíveis. Defende que atualmente a tropa não é o que era antes porque “só querem aproveitar de cada um para fazer o serviço e não existe um preparo nem físico quanto mais psicológico” concluiu.
Os dois ex-militares concordam que "é urgente renovar e introduzir novos métodos pedagógicos que permitem avaliar não só os pupilos, submetidos a tanto esforço, mas há que fazer um raio x àqueles que dão ordem". Eles temem por um "novo episódio" igual a de Antany se não acabar este abuso de poder.
Será que a culpa vai morrer solteira?
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