CABO VERDE: QUANDO É QUE (RE)COMEÇA O SHOW DOS VERDADEIROS ARTISTAS?
- Tchabana Vizon
- 29 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2021
EM FIM DE SEMANA MARCADO PELAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS NO ARQUIPÉLAGO O COVID-19 PARECIA SER AMIGO PARTIDÁRIO

O povo escolheu, no passado Domingo, 25, os líderes das vinte e duas Câmaras Municipais de Cabo Verde para os próximos quatro anos. O MPD (Movimento Para Democracia) venceu em 14 Municípios e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde ganhou oito,mais seis do que em 2016 com principal destaque para a Cidade da Praia, a capital do País. Fez-se ouvir a Democracia. Fez-se a vontade do povo.
Mas as semanas que antecederam o dia decisivo foram agitadas. As semanas de apelo ao voto com os candidatos a darem show, tanto porta a porta, como em caravanas. Equipas no terreno a desfilarem com bandeiras, máscaras, camisolas e chapéus, com bocas afiadas para convencerem e as gargantas prontas para evocarem o grito de afirmação em favor de cada partido.
O povo que, há mais de seis meses, foi obrigado a viver uma nova realidade e a fazer "ginástica" para cumprir as regras de saúde, é o mesmo que esteve em força apoiando nas calçadas das cidades, nos bairros e nas zonas o candidato “rosto da mudança”. É o povo que implora por condições melhores mas não revolta-se contra a política de interesses e de separação porque ainda muitos acreditam no político milagroso. O milagre de quatro em quatro anos que coincide com a volta da amnésia. E quem tem o milagre para o Covid-19?
Este é um ano diferente. Ano de sacrifícios por causa da PANDEMIA. Só que não é isso que se verificou por estes dias de campanha e de comemoração do partido vencedor em cada município. Parecia que eram as emblemáticas festas das Santas Padroeiras. Muitas pessoas sem máscaras, sem distanciamentos e com alto risco de contágio para a saúde pública. Tanto que, o nosso querido Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva reconheceu, esta quarta-feira no parlamento, que todos os partidos cometeram falhas na questão da prevenção da covid-19 durante a campanha. É para rir não é Senhor Primeiro Ministro? Mas calma. Caso os números aumentarem é só aconselhar e seguir os mesmos parâmetros de Portugal.
Afinal foi um show compreensível e legal. Políticos “riba d´ombro” e um fanatismo resistente à Pandemia. Olé, olé, olé… Teremos, certamente, um aumento dos casos e, será que as peixeiras, "rabidantis" e os donos dos pequenos negócios vão resistir? TOMARA. Porque enquanto os políticos desfilavam os espaços culturais continuam fechados e, os verdadeiros artistas continuam sem atuar, sem viver da arte porque a arte é considerada uma ameaça que pode contribuir para a propagação do vírus.
Eu tenho saudades de ver os nossos grandes músicos e artistas plásticos. Eles que, no dia nacional da cultura, 16 de Outubro, fizeram uma marcha silenciosa exigindo a abertura de espaços para voltarem a ter o ganha-pão. A manifestação, que nasceu na ilha do Sal, é segundo o produtor Nuno Levy uma forma de protesto. “Desde Março, quando os hotéis fecharam, estamos sem trabalho”. Quando penso na democracia que tanto falam, eu vejo-a com uma dose bem apimentada de hipocrisia.
O Povo fez a festa mas daqui a pouco a frase de ordem do Governo será “NÃO PODEM SAIR DE CASA”. E voltaremos a pôr fé na cura, a cura que a Organização Mundial de Saúde demora encontrar, a cura que a medicina avançada ainda não descobriu. Talvez este é um vírus de laboratório como nos diz a famosa teoria da conspiração que defende que somos gados nas mãos destas gigantescas empresas e indústrias.
Comments