ADAMA TRAORÉ: O FUTURO DO FUTEBOL AFRICANO NÃO PERTENCE À NOVA GERAÇÃO
- Adepto Sem Clube
- 18 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2021
O extremo do Wolverhampton é mais um jogador a engrossar a longa lista de Africanos que escolheram representar uma seleção Europeia.

Adama Traoré nasceu em Espanha, mas os Pais são do Mali. Recentemente, o jogador do Wolverhampton foi convocado pelas duas seleções mas ele optou por continuar a vestir a camisola La Roja. O extremo de 24 anos, que representou as camadas jovens da Espanha, teve a sua estreia pela Seleção Principal no jogo amigável contra Portugal no passado dia 7 de Outubro.
Qual é o meu sentimento?
Tristeza. Porque eu já estava imaginando o Adama Traoré com o Marega, dois velocistas, a fazer estragos nos adversários. Sim porque em 2014, a Federação de Futebol confirmou que o jogador ia representar a seleção, mas este foi atuar nos sub-19 da Espanha.
No ano passado o extremo declarou novamente que iria jogar pelo Mali e até tirou uma foto com a camisola da equipa africana.

No entanto, o antigo Selecionador espanhol, Roberto Moreno convocou-o, só que uma lesão impediu a sua estreia. Já em Janeiro deste ano falou que estava indeciso entre “La Roja” e “As Águias” mas todo mundo já sabia, ou pelo menos “suspeitava”, que a Espanha ia ganhar esta corrida.
Para mim, é uma estrela que podia levar os holofotes para os palcos africanos, podia brilhar em campo e não ser uma opção no banco. Sim porque, o Adama Traoré é atualmente o jogador mais rápido do mundo, muito forte no um para um e que ataca bem os espaços. E o estilo da Espanha ainda é o “estilo” Guardiola, que gosta de “prender” a bola e jogar na posse com muitos passes curtos.
Respeito a escolha. Talvez por ser a Espanha o país quem lhe apresentou o futebol e está a pagar uma dívida de gratidão. Uma escolha como tantas outras que favoreceram a Europa que desde sempre foi o destino da emigração de jovens que trouxeram o sonho de ser jogador um dia. Ou não te lembras do elenco campeão do mundo pela França em 2018?
Perdeu-se aqui, mais uma possibilidade, de dar uma “bofetada” àqueles donos de cânticos racistas e xenófobos dirigidos aos africanos nos estádios e de combater o domínio futebolístico que ainda reina no ocidente. Mas quando vejo, os Traorés, os Fatis, os Pogbas, e os Mbappés a contribuírem para esse domínio isso diz-me que o futuro do futebol africano não pertence à nova geração.
SOBRE O JOGADOR AFRICANO
Willy Sagnol, antigo lateral francês, disse em 2014 quando treinava o Bordéus que “A vantagem de contratar um jogador africano é que não é caro, está preparado para o combate e, geralmente, é muito forte em campo. Mas o futebol não é apenas isso, também precisa de jogadores com técnica, inteligência e disciplina”. Este é o perfil europeu, de que ainda muitos acreditam. Uma ideia distruída pelo Mané, Salah e o Aubameyang que jogam pela África; pelo Eto´o, Drogba, Yaya Touré e Jay Jay Okocha que representaram África. Sinto que o futebol pode ser muito mais que dribles e passes; deve ser uma voz de afirmação e compromisso.
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